julho 11, 2008

Caprichos (II)


Aquele ultimo olhar obrigou-me a decidir centrar exclusivamente nela as atenções. Sem outros objectivos que não fossem encontrar companhia para essa noite, dediquei-me por completo à tarefa de chegar até ela e sair dali o mais rápidamente possível.

Pedi outro duplo agora com água, paguei a conta para sair quando fosse necessário e mudei de posição. Apesar de não estar sentada de frente, várias foram as vezes que a apanhei a olhar para onde me encontrava. Passados cerca de 20 minutos e depois de me ter aproximado um pouco mais, fiz-lhe um sinal que queria falar-lhe. Acenou afirmativamente e pediu que esperasse um pouco. Algo a prendia naquela mesa que a impedia de ser directa na abordagem. Daí a pouco levantou-se agarrou uma pequena bolsa branca e sem me olhar dirigiu-se, não para o local onde me encontrava, mas para a saída. Deixei correr cerca de um minuto, pousei o copo numa mesa próxima e segui-a passando pelo olhar curioso do porteiro. Ao chegar cá fora não a vi. Enquanto tentava perceber o que se passara, os médios dum Corola cinzento estacionado no outro lado da rua acenderam e apagaram rápidamente e não foi dificil visionar a silhueta da minha cinderela sentada ao volante. Lentamente atravessei a rua e dirigi-me para o carro.
- Olá boa noite - disse com um sorriso que me deixou de rastos.
- Olá! - saudei. – Não pareces muito interessada na festa!
- Não, não estou. Apetece-me sair daqui e não me perguntes porquê porque não te direi. Queres dar uma volta?
Intrigado hesitei. – Tenho carro aqui perto. Tú já estás de saída? Não te vi despedir dos teus amigos.
- Não preciso porque vou ter de voltar. Agora quero apenas sair daqui por algum tempo. Se não vens, vou sózinha.
- Ok. Vou. Mas não queres ir no meu carro?
- Pode ser. – e de imediato saíu e fechou a porta do Toyota.
Dirigi-me para o velho Patrol estacionado a uns 50 metros dali e ela um passo atrás seguiu-me sem mais palavras ou hesitações. Armado em cavalheiro, abri-lhe a porta e entrou de forma graciosa deixando á vista as coxas quase completamente nuas. Zonzo, fiquei a admirar aquela visão perante o sorrisso imperial dela, fechei a porta com delicadeza e dei a volta. Abri a minha porta, sentei-me e passei o cinto de segurança. Coloquei o motor em marcha e arranquei não sem antes ter voltado a olhar ostensivamente aquelas coxas soberbas perante o ar poderoso daquela femea resolvida.
Rolávamos já em direção á praia para um passeio retemperador quando me atirou de rompante:
- É assim. Preciso de algo que me faça sentir viva. Vi-te a entrar sózinho e percebi logo o que procuras. O que estás disponivel a fazer para me ajudar?
- Depende. Mas talvez se me explicares o que sentes, te possa ajudar a sentir melhor!
- Não interessa o que sinto nem o que me levou até aqui. Interessa apenas que preciso de alguem que me diga que sou interessante e me faça sentir desejada. Sinto-me rejeitada e quero fazer amor com alguem que saiba fazê-lo. Não te estou a pedir nada em troca senão paixão.
Fulminado pela expontaniedade, respondi. – Tambem preciso disso e normalmente não compro. Trocas, só de carinhos e fluidos. Mas tú és uma mulher linda que....
- ... sei tudo isso... todos me dizem o mesmo... tens um sitio só teu?. Disparou.
- Tenho. Podemos ir a minha casa.
- Vamos então. Não temos mais que duas ou três horas. Aquela gente lá no bar, vai por querer voltar antes das 4 e tenho as chaves do carro. É chato terem de ir de taxi.
- Ok!. Respondi.
Rolavamos já de volta á cidade quando decidi antecipar a festa e coloquei a mão esquerda naquela pele quente das coxas nuas. Delizei até à calcinha que adivinhava por baixo. Abriu as pernas ligeiramente facilitando-me a manobra. Afaguei-lhe a gruta humida, e de olhos fechados e o peito arfando recostou-se mais na velha poltrona. Durante cerca de um minuto massajando por fora e dentro daquela fenda aumentei o seu estado de excitação. Num impulso quase incontrolável soltou o cinto de segurança e colou a boca na minha enquanto com a mão esquerda entrava entre os botões da camisa arranhando-me o peito sofregamente. Com a direita pesquisou por cima das calças o estado do meu “amigo” que já adivinhara o que se iria seguir e adquirira a forma de ataque. Como por magia abriu o zip das coçadas jeans.
Não tinha mesmo tempo a perder, a garina. E a noite ainda nem tinha começado!

julho 10, 2008

Caprichos (I)


Uma estúpida acusação sem sentido. Apenas mais uma a somar ás agrssões verbais e atitudes pouco inteligentes que suportara durante toda a semana. A vontade de vingança e a acumulada sede de sair e dar asas á noite de Maputo transformou-se numa certeza. Naquela noite decidi sair, beber e caçar. Se ficasse ali com ela acabaria por continuar outra discussão inútil e fútil pois não aguentaria muito tempo ficar calado.

A seguir ao jantar, mastigado sem gosto e sem palavras meti-me no duche e vesti uns jeans e uma camisa. Ela nem reagiu quando anunciei que ia beber uma café. Em pouco mais de quinze minutos estava a entrar no carro. Seriam 21 horas.

Era cedo para assumir certezas quanto ao local de permanência. Primeira etapa. Eagles. Um café e um duplo seco. Os habituais já marcavam presença. Ainda não consegui entender porque razão aquelas alminhas passam ali uma noite frente aos copos a deitar conversa fora, a olhar as femeas em pleno cio financeiro e acabam invarialmente bem grossos a voltar para casa sós. Mas isso é a vida dos outros.

Por algum tempo fiquei sentado a olhar a fauna. Eles com muito pouco para expremer. Interessados por fora, frios e vazios por dentro. Elas com tudo para oferecer e sem grandes opções de escoar o produto. Parecia um corredor do shopping com lojas carregadas de produtos contrafeitos e compradores com pouco taco e ainda menos interesse em algo mais do que admirar as montras. A lei do mercado na sua essência. No fechar da tenda elas acabarão por oferecer em saldo o que têm e eles sem espaço ou disponibilidade para mais nada, e com o sangue preenchido maioritariamente por alcool, nem isso levarão por completa incapacidade fisica e moral.

Bebido o café e engolido de um trago o duplo, tentei não me deixar envolver pelo tédio da paisagem. Pedi a conta, paguei e voltei a entrar no carro. Uma volta pelas entradas dos principais locais. Tudo meio vazio, ou meio cheio. Mas nada que me obrigasse a parar.

Decidi parar no Bar & Bar seriam umas 23. Cumprido o ritual do porteiro chato tentei ambientar os olhos à meia luz prevalecente. No som, um samba agradável e conhecido. Dirigi-me ao balcão estratégicamente elevado e pedi um outro duplo seco. Na minha frente um grupo de femeas maioritáriamente conhecidas de outras batalhas dava asas ao apelo do sangue e, apesar do espaço exiguo, dançava de copo na mão exibindo-se aos mais interessados.

A fauna feminina estava ali razoávelmente representada em quantidade e qualidade. Alguns exemplares um pouco usados e gastos não chegavam para estragar a composição da sala. Todas denotando muita alegria e acima de tudo total disponibilidade para viver. Os machos caçadores estavam em confrangedora inferioridade numérica o que dava aos presentes um falso sentido de posse.
Na tentativa de furar até ao balcão, uma morena lindissima encostou e esfregou ostensivamente, os seios fartos e quentes nas minhas costas. Lentamente virei-me e encarei-a desafiador. Vestia um transparente leve e esvoaçante, deixando vêr as coxas e parte considerável do peito. Aquela parte que normalmente elas mostram para que se consiga imaginar mais fácilmente o resto. Tinha olhos grandes e escuros. Pelo sorriso e olhar insinuante que me lançou quando a fitei, deixou claro que estava disponível sem necessitar-mos sequer de trocar palavras.
Fiquei a vê-la afastar-se de copo na mão a bambolear as ancas descendo os degraus em direção à sua mesa. Recostei-me na parede e bebi mais um trago enquanto lhe tirava uma radiografia de costas. Estava ali uma boa aposta caso nada mais acontecesse de relevante nos minutos seguintes. Tempo era coisa que não me faltava, mas mesmo face à fartura esta era uma peça a não desprezar. Antes de se sentar voltou a olhar-me desafiadora.